Fazer Muito não Significa Fazer Melhor

Áurea Grigoletti
Áurea Grigoletti

Como disse Edson Marques: Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade”. Gosto de acrescentar a esta frase que: “fazer muito, não significa fazer melhor” e, tenho conhecido, ao longo de minha vida, muita gente que valoriza muito mais a quantidade do que a qualidade, aliás, muito mais a quantidade do que a entrega, o resultado; que, no final das contas, fazendo um trocadilho, é o que conta.

  • Importa o quanto estou produzindo, ou o valor que estou agregando ao negócio?
  • Importa o quanto estou escrevendo, ou se o conteúdo é realmente útil?
  • Importa quantas horas estou ficando dentro da empresa, ou se, nas horas que fico  produzo ótimos resultados?
  • Importa quantas horas dedico a responder e.mails fora do horário de expediente, ou se priorizo o que é, de fato, importante e necessário para a empresa?
  • Importa se minha mesa é repleta de coisas e papéis, ou se é o local onde produzo excelentes produtos e serviços?
  • Importa quantas horas estou diante do computador, ou quanto tempo estou dedicando à missão do negócio?

Enfim, o que importa é quanto ou o quê? É quanto ou por quê? É quanto ou para quê?

Lembro-me certa vez, há alguns anos, quando os meios de comunicação usuais eram jornais e revistas, além do rádio e da TV,  de ter lido um artigo sobre um tal Presidente mundial de uma grande multinacional, que havia delegado totalmente a gestão do negócio, no Brasil, ao presidente da unidade que, portanto, poderia fazer tudo o que entendesse ser melhor, desde que, garantisse questões legais, éticas e de valores da companhia. O que ele queria, no final, eram os resultados estabelecidos em orçamento – metas atingidas.

Não sei dizer o que o tal presidente no Brasil realizou, só sei que a empresa está muito bem, obrigada, mas, não vi ninguém trabalhando como louco, correndo para lá e para cá, fazendo muito mais do que faziam.

Uma amiga que lá trabalhava continuou tendo férias, usando o horário flexível que lá existia, fazendo academia, estudando, lendo e curtindo a família e, é claro, dando resultado – muito resultado, conforme estabelecido em seus objetivos.

Pareceu-me à época, que ninguém por lá trabalhou muito mais, mas sim, trabalhou muito melhor – usando muito bem o tempo de que dispunham.

Em minha primeira viagem ao exterior e a serviço, fui tomar um café e tentei iniciar uma conversa com duas pessoas que lá estavam; elas sorriram, comentaram o assunto em duas ou três palavras, pegaram seus cafés e voltaram às suas mesas de trabalho. Tentei mais um ou dois contatos em horário de expediente, como costumamos fazer no Brasil, e não obtive tão bons resultados. Ninguém foi mal educado, mas não disponibilizavam tempo demais para conversas outras que não aquelas voltadas às atividades do dia. Passados dois ou três dias, talvez por conta da forma como era recebido no Brasil, um colega me levou para um happy-hour num lindo espaço no alto de um prédio à beira-mar. Sentei-me e, como fazemos por aqui, comecei a falar sobre o meu dia, minhas reuniões, resultados dos contatos e… ele, como quem não estivesse ouvindo nada do que eu dizia, apontou para um grande barco dizendo: aquele é meu objetivo para os próximos três anos – quero juntar dinheiro para ter o meu barco e se pôs a falar de barcos, passeios, mar, e até da própria família, coisa não tão comum entre os americanos.

Ele tinha dedicado muito bem as horas de seu dia ao trabalho, justamente para não ter que continuar fazendo o mesmo em pleno happy-hour.

Voltei para o Brasil e não pude deixar de observar o quanto somos estimulados a mostrar quantidade e não qualidade, o quanto somos estimulados a dar a impressão que estamos correndo, lotados de serviço, sobrecarregados. O quanto somos valorizados, não pela entrega que fazemos, mas pelo volume de coisas com as quais estamos envolvidos.

Recentemente, desenvolvendo um projeto numa empresa, um dos Diretores comentou que estava muito satisfeito com o resultado de nosso trabalho, tudo estava acontecendo e muito rapidamente, disse ele e concluiu: “e olha que quando vi o cronograma achei que  o volume de horas que vocês programaram para o projeto, não daria nem para o início.”

É isso! Simples assim: O tempo é o mesmo para todo o mundo, mas tem gente que sabe fazer melhor uso do tempo que tem.

Sobre a autora:

Áurea Grigoletti é Executiva de RH, sócia da e1.conceito-Fortalecimento Empresarial, atuou em diversas empresas, como: CBC, Baxter Healthcare, Distribuidora de Medicamentos Santa Cruz, Lion/Sotreq e TRW. É Vice-Presidente do GRIS. Psicóloga especialista em Gestão de Recursos Humanos e em Negócios. Palestrante e autora do Livro- “Faça do Recrutamento e Seleção de Pessoas o seu melhor Investimento”.

site: www.e1conceito.com.br

e-mail: agrigoletti@e1conceito.com.br

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Uma Resposta para "Fazer Muito não Significa Fazer Melhor"

  1. Excelente, como tantos outros que você escreve, pura realidade, mas ainda e muito difícil as empresas entenderem.

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