Organizações Felizes e Infelizes. Quais as que existem em maior quantidade no nosso País? Será esta a causa da baixa produtividade?

Helena Rollo
Helena Rollo

Depois de ter tido várias experiências em empresas em Portugal e ter terminado o meu curso de Comportamento Organizacional, considerei oportuno levantar esta questão em dois dos Grupos a que pertenço no Linkedin “Business & Jobs PORTUGAL” e “Carreiras on Line Portugal”.

Pretendia com esta questão, auscultar opiniões acerca de um tema que ao longo dos anos me tem feito pensar: Porque será que em algumas empresas, poucas, os colaboradores gostam de trabalhar e não sentem as horas passar e noutras estão desejando que chegue o fim do dia para  sair de lá?

Sei agora que existem Organizações Felizes e Infelizes ou dito de outro modo Saudáveis e Doentes.

Uma Empresa Feliz é uma empresa que proporciona aos seus colaboradores uma boa qualidade de vida o que irá reflectir-se na boa qualidade de serviço prestada aos seus clientes. Este serviço é prestado com gosto pelos colaboradores, que numa empresa Feliz se sentem Valorizados, Motivados, Reconhecidos, Bem Humorados e mais Realizados económica e profissionalmente. Uma empresa Feliz preocupa-se com os interesses dos seus colaboradores, pois sabe que são eles o activo mais importante da organização.

Colaboradores valorizados e reconhecidos, são colaboradores motivados e empresas onde isso acontece são empresas mais produtivas, onde existe maior criatividade, onde existe entusiasmo, onde existe inovação, onde existe rigor e honestidade e onde existe algo muito importante que resulta de tudo isto – O Bem Servir.

Claro está que Organizações Infelizes serão o oposto!

Infelizmente nem todos entendem os benefícios de uma Organização Feliz e no limite uma Organização pode ser tão Infeliz que se torne “Doente”.

Muitas vezes existem empresas que aparentemente são saudáveis (para o exterior tudo parece bem) pois continuam a facturar, mas que intrinsecamente estão Doentes: existe uma constante desconfiança entre trabalhadores e entre estes e as chefias, assim como um constante ultrapassar das decisões das chefias intermédias pelas chefias superiores.

Tal como os indivíduos possuem valores hierarquizados, as empresas também possuem uma escala de valores. Numa empresa Feliz a escala de valores existente na organização é aceite e interiorizada (cultura de empresa) pelos colaboradores.

Os valores de cada colaborador não têm que ser os mesmos da organização onde está inserido mas devem ser compatíveis, de modo a poderem coexistir.

No caso em que a escala de valores é aceite, além da “divulgação da estratégia, definição de objectivos, avaliação e reconhecimento do trabalho”, existe Entusiasmo, Trabalho de Equipa, Lealdade, Integridade, Inovação e Criatividade.

Segundo Peter Drucker: ” Trabalhar numa organização em que o sistema de valores é inaceitável para o indivíduo ou incompatível com ele, condena simultaneamente o indivíduo á frustração e ao mau desempenho.”

A discussão mostrou que de um modo geral, todos os comentários consideram como responsável pela baixa produtividade o facto de os colaboradores se sentirem infelizes nas organizações onde estão inseridos sendo a culpa atribuída na maioria das vezes aos gestores dessas organizações.

Salvo honrosas excepções, os testemunhos que tenho recebido não só de Portugal mas também do Brasil é de que esta infelicidade é resultado de:

  • Falta de Líderes e Gestores que saibam Motivar os seus colaboradores
  • Falta de Reconhecimento pelo trabalho bem desenvolvido.
  • Falta de Orientação e Planeamento
  • Falta de partilha do resultado que leva a que as pessoas sintam total indiferença pela Organização.
  • Desconhecimento total dos colaboradores e das suas reais competências.
  • Má definição dos RH e má atitude por parte dos empresários que muitas vezes só vêm números e não têm em conta as mínimas necessidades dos colaboradores.
  • Falta de respeito pelos colaboradores e pelos seus valores.
  • Não saber Ouvir

Podemos juntar a estes pontos algo muito comum na maior parte das empresas:

Organizações que condicionam o comportamento dos seus colaboradores  e gestores que ainda não perceberam que o êxito do seu trabalho e consequentemente da organização onde estão inseridos, depende essencialmente do seu próprio comportamento.

Saber planear, saber mostrar o caminho, saber ouvir, tornar bem visível a sua própria motivação, conhecer os valores de cada colaborador de modo a identificar o que motiva cada um (todas as pessoas são diferentes), saber incentivar, elogiar e mostrar reconhecimento, são características fundamentais num Gestor. Cada vez mais a capacidade para dirigir pessoas é fundamental. Para isso cada um de nós deverá saber gerir-se a si próprio.

Na realidade todas as situações mencionadas resultam do facto de muitos dos chamados “Gestores” não saberem muito bem o que essa palavra comporta.

Uma das tarefas que um Gestor tem como crucial, é Motivar os seus colaboradores, primeiro que tudo com a sua própria motivação, que deve ser bem visível.

Colaboradores desmotivados apresentam sinais que os gestores devem saber identificar e que muitos foram referidos nos vários comentários que recebi, como sejam:

  • Resistência a mudanças.
  • Trabalhos mal executados e atrasos na sua execução.
  • Apatia, passividade e indiferença pelo trabalho.
  • Falta de cooperação no ultrapassar de problemas e dificuldades.
  • Pouca pontualidade e elevado absentismo.
  • Mau humor e falta de brio

Quem está motivado hoje, pode deixar de o estar amanhã. A Motivação é pois um trabalho contínuo e o Gestor deve dar o exemplo. O papel fundamental em todo este processo cabe ao Gestor!. O Gestor não deve ficar á espera que sejam os colaboradores o motor. Não! Deve ser ele que deve Organizar, Planear, Incentivar, Motivar, Controlar e Elogiar os recursos mais importantes de uma organização – os Colaboradores.

Os Líderes das melhores empresas para trabalhar consideram que se deve lutar pelo sucesso empresarial valorizando as pessoas, considerando os colaboradores um Recurso e não um Custo. Sendo um Recurso deve-se valorizá-lo, potencializá-lo e não reduzi-lo ou limitá-lo. Empresas com Gestores que consigam implementar estas práticas poderão com certeza num futuro próximo vir a ser Empresas Felizes, juntando-se ao grupo daquelas que já o são e que deram o seu testemunho neste fórum.

Deixo no fim o testemunho de um colega Brasileiro de que gostei particularmente:

“Em Agosto estou no mercado procurando ser Feliz numa empresa Feliz…e as infelizes que me desculpem pois não tenho tempo para perder com elas”.

Bibliografia: Textos de apoio ao Curso de Comportamento Organizacional, Prof. Dr. Albino Reis – CENERTEC – Centro de Energia e Tecnologia, Abril de 2010

obs: este artigo, propositadamente, foi postado em sua formatação original, com o português normalmente utilizado em Portugal!

Sobre a autora:

Helena Rollo é Licenciada em Engenharia Civil pelo IST – Instituto Superior Técnico – Lisboa. Pós-Graduação – módulos em Gestão de Projectos e Comportamento Organizacional. Practitioner em PNL – Certificação Internacional pelo ITA – International Trainers Academy of NLP. Project Management e Especialista em Infra-estruturas Hidráulicas em projectos como a EXPO’98 e o Metro do Porto. Directora de Departamento e de Projecto na empresa DHV – Empresa de Projecto, Consultoria, Gestão e Fiscalização.

e-mail: mhrollo@sapo.pt

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