O Limite da Competência

Áurea Grigoletti
Áurea Grigoletti

Tempos atrás, li o livro do Dr. Laurence – “Todo o mundo é incompetente (inclusive você)” e, em princípio, concordei com suas análises e conclusões. O livro traz o que ele chama de Princípio de Peter (seu próprio nome) que diz que “Num sistema hierárquico, todo funcionário tende a ser promovido até o seu nível de incompetência”. Concordei que havia limites e que seria interessante, até para a nossa felicidade, pararmos no estágio anterior.

Com o passar dos tempos e trabalhando em atividades voltadas ao desenvolvimento e fortalecimento das pessoas, formei meu próprio conceito, ou melhor, somei diversos conceitos para chegar a uma conclusão própria: Hoje, acredito que toda e qualquer pessoa, independentemente de sua natureza, nível de inteligência, competência, raça, cor, credo et cétera, nasceu para evoluir até, pelo menos, o fim de seus dias neste plano (terra) e, portanto, não há limite. Ao contrário, há que se desejar evoluir e, com esforço, dedicação e muito aprendizado, fazê-lo.

Em meio aos meus devaneios a respeito do assunto, deparei-me também com a questão dos “talentos”.

Durante muito tempo trabalhei para empresas que me davam como uma de minhas principais metas, “reter” talentos, e isso sempre me incomodava, pois, afinal, o que queriam dizer com: “precisamos destacar os talentos desta companhia e fazer alguma ação para retê-los?”

Queriam, por acaso, dizer que há pessoas que têm talentos e outras, não?

(qual seria o sentimento daqueles não considerados nos projetos de retenção?)

Queriam, por acaso, dizer que ao contratarmos alguém, ele, ao final de seus tempos naquela organização, deveria deixar seus talentos na empresa? (estes seriam retidos?)

Ainda não entendi perfeitamente bem o que querem essas empresas,  mas, hoje,  acredito 100% que toda e qualquer pessoa tem talento – conheci um rapaz que teve uma forte paralisia cerebral que o deixou completamente imóvel e com uma linguagem quase que incompreensível. Ele dita para a sua mãe, com toda dificuldade que tem, lindas poesias. Ele dita textos brilhantes. Ele é dotado de um talento que poucos têm e, suponho, poucos desses dirigentes que querem reter talentos, ao vê-lo, diriam que ele tem algum.

Voltando ao princípio de Peter: hoje, não acredito no tal “nível de incompetência”, acredito, porém, que meus talentos possam ser melhor utilizados e me deixarão mais feliz se forem plenamente aproveitados, o que pode não acontecer, eventualmente, em algum cargo diferente ou superior. Acredito, talvez, que o limite possa estar no prazer – quando nos deparamos com atividades que cerceiam nossos talentos podemos nos tornar infelizes e pessoas infelizes podem não conseguir produzir o seu melhor.
O que as empresas ainda não aprenderam foi que: precisam conhecer melhor os membros de seus times e, assim, quais são os talentos de seus funcionários e, conhecendo-os, aproveitá-los da melhor maneira possível rumo aos resultados desejados.

Quando se conhece os talentos “pontos fortes” do profissional, e, todos os têm, é possível apoiá-lo para que aprenda a utilizá-los e dirigi-los rumo aos objetivos estabelecidos e assim, obter excelentes resultados e ser feliz.

Sobre a autora:

Áurea Grigoletti é Executiva de RH, sócia da e1.conceito-Fortalecimento Empresarial, atuou em diversas empresas, como: CBC, Baxter Healthcare, Distribuidora de Medicamentos Santa Cruz, Lion/Sotreq e TRW. É Vice-Presidente do GRIS. Psicóloga especialista em Gestão de Recursos Humanos e em Negócios. Palestrante e autora do Livro- “Faça do Recrutamento e Seleção de Pessoas o seu melhor Investimento”.

site: www.e1conceito.com.br

e-mail: agrigoletti@e1conceito.com.br

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2 Respostas para "O Limite da Competência"

  1. Boa tarde Hilton. Ao contrário, não me refiro ao SABE TUDO, refiro-me, neste meu artigo, às possibilidades. Acredito tanto nas pessoas que creio 100% que toda e qualquer pessoa disposta a entender que não sabe “quase” nada, entenda também que é possível aprender, todos os dias, com qualquer pessoa, em qualquer situação e a vida toda – até o último suspiro e, quem sabe, depois também.

    Quando digo que mudei a minha visão em relação ao que o livro diz, quero dizer que, hoje, acredito que todos nós nascemos para evoluir e aprender sempre, e sempre, e sempre; ou seja, ao contrário do que você entendeu- não quis dizer que exista alguém que “saiba tudo” e que, portanto, não necessite aprender. Acredito sim, que ninguém saiba tudo, mas “pode” aprender. Acho, então, que estamos falando a mesma coisa só que com outras palavras.
    Gostei do seu comentário porque me fez retomar o artigo e verificar onde falhei. Obrigada!

  2. Hilton Ferreira Magalhães · Editar

    Prezados Senhores,
    Desculpe-me descordar da autora! Não li o livro, mas tenho curiosidade em lê-lo. Na minha modesta opinião o autor faz-me lembrar Sócrates que disse: ” A única certeza que tenho é que não sei nada!”. Ainda bem que todos temos um limite da competência! Como esse mundo seria chato se deparássemos sempre com pessoas com a postura arrogante do “SABE TUDO!”. A final de contas, todos evoluímos através de um intenso intercâmbio de conhecimento entre as pessoas. Não há ser humano desprovido de conhecimento que não possa ensinar aos ápices do sábios e que não tenha capacidade de aprender os, aparentemente, complicados conceitos para a maioria dos mortais. No mundo da aquisição de novos saberes não existe limites, comprovando, apenas, que todos somos sim um incompetente em potencial!

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