Plano B na Carreira: Por Que Você Precisa Ter Um

Andréa Guedes
Andréa Guedes

Em um dos textos mais conhecidos do Pedro Bial intitulado “Filtro Solar”, ele diz: “ Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro seria esta: Usem o filtro solar! ”

Partindo desse princípio, se eu pudesse dar só uma dica profissional seria esta: “Tenha um Plano B na carreira”. Sempre pensei nisso, mas só fui colocar em prática quando realmente foi preciso e hoje, o Plano B tornou-se o Plano A.

PLANO B PROFISSIONAL

Há aproximadamente 1 ano, fiquei muito pensativa quando li o livro “ A vida sem Crachá” escrito por Claudia Giudice, uma Diretora Executiva de sucesso que trabalhou durante quase 24 anos em uma das principais Editoras de Revista do Brasil e que, sem esperar, foi demitida.  Após travar uma batalha interna da qual só ela poderia vencer, conseguiu se reencontrar através de um Plano B que havia começado há alguns anos.

Depois dessa leitura, percebi que sem o Plano B na carreira, ficamos vulneráveis e que todo o profissional, independentemente de área de atuação não pode deixar de tê-lo, seja ele dentro ou fora da empresa.

Ter um Plano B dentro da empresa, significa se planejar para ter evolução na carreira, se especializar, conhecer outras áreas que também tenha afinidade, ter uma visão macro do negócio.

Já o Plano B fora dela, é muitas vezes colocar em prática aquilo que você sempre almejou, mas sem deixar a cautela de lado e, não necessariamente, deixar o emprego atual.

O EMPREENDEDORISMO COMO PLANO B

Segundo uma recente pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), patrocinada pelo Sebrae, feita em 2015, 40% dos brasileiros são empreendedores. Isso significa que de cada 10 pessoas, 4 estão envolvidas com a criação de um negócio.

A pesquisa mostra também que em 2014, cerca de 38% das pessoas entrevistadas conheciam algum empreendedor. Já em 2015, esse número subiu para 52%.  Esse aumento indica a volta do empreendedorismo por necessidade, causada majoritariamente pelas demissões durante a crise. Na prática, essas empresas são menos inovadoras e mais despreparadas, e por isso, 27% fecham suas portas logo no 1º ano por falta de planejamento.

Por isso, planeje-se! Verifique como é a oscilação do mercado para sua ideia, tenha uma reserva financeira (o ideal é guardar 10% do seu salário).

Utilize de sua experiência, habilidades e inspiração. Tenha bom senso. Faça uma busca completa de informações em entidades complementares de apoio a pequenos empresários.

Estude! Leia tudo o que puder sobre o assunto e o principal: Seu Plano B tem que ter a ver com você, tem que ter sua cara, sua marca registrada. Seja um especialista naquilo que você faz e isso fará toda a diferença.

Nem todo empreendedor de sucesso tem o perfil arrojado, possui ousadia plena e é desprovido de medo de se arriscar. Mas com determinação, energia, motivação, autoconhecimento, resiliência e uma pitada de coragem, pode se tornar um. E quando saberá que está no caminho certo? Quando sentir um enorme prazer no que está fazendo, mesmo com os obstáculos do dia a dia.

Se ainda não sabe qual poderá ser seu Plano B na carreira, faça um brainstorm. Quais são suas competências e habilidades? O que te faz brilhar os olhos? Onde quer chegar em sua vida profissional? Qual sempre foi seu sonho? O Plano B tem a ver com seu estilo de vida e suas afinidades. Você tem que optar pela área / negócio do qual já gosta profundamente. Esse, sem dúvida, é o melhor jeito de começar ou recomeçar.

Seu plano profissional não precisa ser um grande projeto, um grande desafio. Ele pode começar no simples, no pequeno e de maneira inesperada, através das oportunidades que surgem nas entrelinhas, ou, fora delas. Ás vezes, essa oportunidade aparece, mas como estamos tão acostumados com o dia a dia, ela pode passar desapercebida.

De qualquer maneira, independente de como será esse plano B, planejado com tempo de antecedência ou no susto, é importante ter em mente que ser empreendedor é diferente de ter uma carteira assinada e para quem só teve esse tipo de trabalho, como eu, no início, pode ser meio assustador.

O HÁBITO DO CRACHÁ

O livro da Claudia Giudice cita um exemplo de um empresário e jornalista gaúcho chamado Adriano Silva, que aos 44 anos “mostra a força do crachá na trajetória de pessoas com perfil empreendedor”.

Em 2006, após quase 10 anos de ter construído uma importante história, especialmente no período em que estava à frente como diretor de redação da revista Superinteressante (Grupo Abril), foi para a Rede Globo aprender a fazer televisão. Um ano e meio depois de ter trocado São Paulo pelo RJ estava de volta, procurando um emprego. Embora tenha construído uma carreira sólida e prestigiada como executivo, não encontrou portas abertas e, portanto, partiu para o Plano B profissional: foi ser empreendedor por necessidade.

E qual foi um dos maiores desafios? Se libertar do crachá! Mesmo após 2 anos, já com seu negócio próprio montado e sendo um sucesso, ele se sentia “desempregado”, na nostalgia do crachá, do holerite.

Segundo o que ele mesmo disse: “ Senti muita falta daquela sensação de pertencimento que o emprego dá. Aquela ilusão de que tem uma grande corporação por trás cuidando da gente. Essa segurança é falsa. No empreendimento, fica mais claro que a cada novo dia podemos perder o que imaginamos ser nosso, que nada está garantido, que a vida é movimento e que viver implica riscos”.

E como ele se “libertou” disso? “No empreendimento a gente deixa de ter um crachá apenas – para ter vários. Você tem o crachá de seus clientes, para quem você presta serviço ou vende seus produtos…ganhei crachás, não os perdi. ”

Essa é mais uma história de vida de um empreendedor da qual muitos de nós já passamos ou vamos passar… e o final, pode e dever ser feliz, basta termos o foco necessário e procurar ajuda sempre que preciso.

Agora, se por algum motivo foi desligado e não fez seu Plano B profissional, não se desespere. Não vá aplicando todas suas economias em um negócio próprio sem ter a total segurança de que é isso mesmo que você quer, se é isso mesmo que você sabe fazer de melhor. Não se arrisque na pressa. Procure ajuda de especialistas e entenda mais sobre o assunto.

Por isso, não importa quais sejam seus objetivos. Não deixe para fazer seu Plano B na carreira quando não tiver mais seu Plano A. Esteja preparado!

Sobre a Autora:

Andréa Guedes, formada em Relações Públicas e Pós- Graduada em Gestão de Pessoas , 20 anos de atuação na área de atendimento ao cliente, sendo que os últimos 8 anos como Gestora de Atendimento em uma das mais importantes empresa multinacionais no segmento de Telecomunicação. Ganhadora em 2013 do Prêmio ABT e 2014 do Prêmio LATAM. Fundadora e executiva da TÁRIN Consultoria Empresarial.

Site: www.tarinconsultoria.com.br

Referências adicionais:    

Giudice, Claudia

A vida sem crachá: A dor de perder um emprego e a experiência de dar a volta por cima com um Plano B/Claudia Giudice – 1 ed. – Rio de Janeiro: Agir,2015.

* As ideias e opiniões expostas nos artigos e matérias publicados no Portal RHevista RH são de responsabilidade exclusiva de seus autores

linha

Compartilhar Este Post

Postar Comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.