Rogério Ceni, desafiando a carreira

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Celso Gagliardo

Aprendemos em estudos de Administração de Pessoal, análise de cargos, salários e carreiras, que numa condição normal um profissional inicia sua carreira nas tarefas mais simples e repetitivas, e/ou com muita supervisão direta, e vai galgando postos, à medida de sua performance, alçando novas posições e incorporando tarefas de maior precisão e complexidade, depois mais autonomia e algum poder de decisão, etc.

A par disso, deve estar respaldado por formação escolar regular e complementar (línguas, informática) compatível ao nível do cargo pleiteado. E, modernamente, podemos dizer que o profissional não para mais de estudar, dado que tudo evolui rapidamente, exigindo adequações daqueles que pretendem manterem-se competitivos no mercado.

Enquanto alguns se tornam especialistas de alta qualificação, em carreira Y, outros ganham notoriedade corporativa em cargos de comando: De Líder a… Coordenador, Encarregado, Supervisor, Gerente, Diretor. Até chegar ao momento de comandar, em geral o profissional (homens e mulheres) foi detidamente observado em quesitos de conhecimentos técnicos e também no trato com gente, habilidade nas inter-relações, iniciativa, paciência e especialmente, caráter, ética. Antes da promoção certamente foi testado indiretamente substituindo o “chefe” em férias ou afastamentos, mesmo que informalmente.

É bem raro acontecer nas empresas o que houve com o goleiro Rogério Ceni, que se aposentou no time do São Paulo F.C. após brilhante carreira como atleta, tendo sido inclusive o maior goleiro artilheiro (de faltas e pênaltis) que se tem notícia. Ao seu favor, sem dúvida, a característica da liderança. Ele sempre deu a cara em todos os momentos, era o capitão do time, procurado para as entrevistas mais difíceis, e nos últimos tempos até dava alguns `pitacos` para o treinador conforme a sua visão tática e técnica das partidas.

Parou com o futebol, foi estudar um pouco “lá fora”, surgiu uma oportunidade e aceitou ser o treinador do São Paulo, clube de grande expressão no esporte. Não passou pela preparação das equipes de base, nem foi treinador de equipes de menor expressão, como sempre acontece na construção de uma carreira de técnico de futebol, ou treinador.

Ceni ousou, e está quebrando paradigmas. Vai dar certo? Muitos acreditam nele, alguns não. Vai depender, também, do apoio da sua diretoria em relação ao plantel e principalmente se os resultados não surgirem logo nas primeiras partidas. A pressão é cruel.

Mas o que o futebol tem a ver com a organização? Tudo a ver. Lá como cá o grande Líder trata com gente, opiniões divergentes, sentimentos, vaidades principalmente. Expectativa de uma grande torcida, ou de donos, acionistas, conselheiros, diretores. E precisa administrar tudo isso, ser o articulador, motivar/não desmotivar, escalar os melhores e não os mais famoso$, estabelecer e ultrapassar metas, fazer resultados dependendo da ação de terceiros, de sua equipe.

Aliás, no futebol é preciso entender ainda mais a alma humana, o morder e assoprar. Nele não há o concurso de máquinas, equipamentos, tecnologia e pesquisas na intensidade do que ocorre no mundo corporativo. É pura questão da ação de gente, preparação física, técnica e emocional. Posicionamento em campo. Variações táticas conforme adversários e conveniências da conjuntura.

Continuo achando que Ceni é um “case” especial do bom executante que, de repente, saltou diretamente – como um grande goleiro – para ser Gerente Geral ou Diretor. Há riscos fortes, portanto, olho nele!

2017, de esperança.

A pedido do editor da RHevista RH expresso que esperamos – do verbo esperançar – com diz o filósofo Mário Sérgio Cortella, que o ano que se inicia seja prenúncio de mais oportunidades de trabalho. Que o Congresso aprove com a brevidade possível o Projeto de Reforma Trabalhista para mais segurança jurídica nas contratações e relações do trabalho. Que o País comece a ver reduzida a demanda espantosa de pleitos na Justiça do Trabalho. E que as medidas adotadas e outras que poderão vir realmente alavanquem a nossa economia. Não podemos conviver muito tempo com 12 milhões ou mais de desempregados.

Acompanho pelas redes sociais, e pessoalmente, o drama de muita gente com excelente currículo e carreira, batendo de porta em porta e com baixíssima aderência. Empresas elevando o grau de exigência nas poucas oportunidades surgidas e disputadas quase “à tapa”.  Gente desesperada para honrar seus compromissos. Outros que se afetam física ou emocionalmente, precisando de cuidados.

Sabemos que não sairemos da recessão para um mar de prosperidade assim rapidamente. Ainda vamos sofrer esse marasmo de negócios. O próximo ano não projeta crescimento no PIB – Produto Interno Bruto, isso após dois anos de revezes, de negatividade. Mas pode ser um divisor de águas, de recuperação gradual com melhoria nalguns setores da economia.

Assim esperamos para um concreto Feliz Ano Novo !

Sobre o autor:

Celso Gagliardo foi gestor de RH de grandes e médias empresas, hoje consultor e treinador de Lideranças.

e-mail: gagliardo.celsoluis@gmail.com

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4 Respostas para "Rogério Ceni, desafiando a carreira"

  1. Excelente visão do Prof. Celso. Concordo com o ponto de vista do professor. Acredito também que vão ocorrer muitos outros casos como este no Brasil.

  2. Ignácio Ambiel · Editar

    Grande Prof. Celso, suas análises e percepções são bastante pertinentes ao “case” Rogerio Ceni, tenho para comigo que, a função é diferente do cargo, ou seja, por em prática suas habilidades e conhecimentos num cargo de Gestão é diferente ao se demonstrar essas mesmas competências numa função de executante funcional…, principalmente num curto espaço de tempo para o exercício/desenvolvimento das novas demandas funcionais, mas será um belo exemplo a ser analisado ao longo do tempo….grande abraço…

  3. Marcio Augusto Walter · Editar

    Parabéns ao Celso pelo brilhante exposição quanto aos desafios do Rogério Ceni. Concordamos com suas expectativas e conclusões.

  4. donizeti justti · Editar

    Excelente matéria para começar o ano refletindo nas posições de rh e como chegar la.

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