Dilemas da Gestão Corporativa – Pessoas

Júlio Correia Neto
Júlio Correia Neto

Nos últimos anos, vimos constatando uma série de acontecimentos que nos permite parar para uma reflexão séria e profunda: (I) impactos da degradação acelerada do meio ambiente, causada pela ambição desenfreada, sem preço e racionalidade, do homem: enchentes, terremotos, aquecimento global, secas, etc., (II) escândalos políticos, financeiros e sociais, (III) forte deterioração das relações profissionais e pessoais: valores distorcidos, hipocrisia, perda do senso de respeito ao próximo e intolerância e (IV) aumento das doenças psíquicas e físicas: depressões, problemas cardiovasculares, etc.

A pressão permanente sobre as pessoas: conectividade, downsizing, reengenharia, produtividade, qualidade total, regulações, competição, fusões e aquisições, status social, poder, tem conduzido a um aumento do: isolacionismo, individualismo, humilhações, doenças, que tem fortemente impactado a forma como as pessoas se relacionam e enxergam umas as outras, seja no convívio social, seja no profissional.

Para que se dar um Bom Dia, uma Boa Tarde ou uma Boa Noite? Para que dizer Obrigado? Para que pedir Desculpas? Para que ser gentil? Para que se importar com o próximo? Independentemente de classe social, religião, cor ou raça, todos possuem um papel importante e único para o pleno e harmonioso funcionamento da sociedade. Será que todos têm esta consciência?Será que toda essa modernidade que vivemos nos dias atuais tem trazido mais benefícios ou malefícios as pessoas? No mundo corporativo: (I) aumento dos casos de assédio moral – humilhações, descasos, grosserias, (II) sabotagens, roubos, desvios, (III) jogos de intrigas, fofocas, armações, (IV) perda de valores éticos e morais, etc. O mundo sempre foi assim, mas será que não tem piorado?

Não adianta se falar em melhoria da comunicação interna, trabalho em equipe, eficiência, sem antes tratarmos de assuntos como: respeito, ética, tolerância, integridade, companheirismo e família. Antes de tudo, temos que tratar o ser humano que está doente em sua alma, em sua essência. Não adianta mais ficar atacando as conseqüências. Temos que aceitar as causas, suas origens, e tratá-las que, infelizmente, na grande maioria das vezes, residem nas próprias pessoas, que constituem a mola mestre do grande e complexo sistema corporativo.

E como tratar? Inicialmente buscando um entendimento e conscientização de todos para compreenderem que são mecanismos de um grande sistema. Que o erro de um (voluntário ou involuntariamente) afetará o trabalho de outro, e assim por diante. Importante se faz entender o ser humano na sua essência individual, para, desta forma, compreender o ambiente como um todo. Cada um de nós depende do outro. O que seria do empresário se não existissem pessoas para manobrar empilhadeiras, conduzir os caminhões? O que seria da humanidade se todos fossem ricos? Se todos fossem empreendedores? As diferenças devem ser respeitadas, pois elas permitem a complementaridade, o pleno funcionamento do grande sistema.

Cada ser humano é composto, formado, por aspectos originados de (I) sua criação e (II) do ambiente de desenvolvimento e convívio, que impactam diretamente suas ambições, crenças, ética, valores, convicções, caráter, moral e a percepção do outro. Portanto, uma catarse que permita o entendimento do seu EU INTERNO e como se reflete no seu EU EXTERNO se faz de extrema importância.

Nas empresas, devemos nos questionar se: (i) a estratégia empresarial é clara e permeada dentro da organização como um todo – missão, visão, metas individuais e coletivas, foco e direcionamento, riscos e oportunidades, plano de ação claro e compreendido por todos, (ii) reuniões de alinhamento entre as áreas – planos de ação com objetivos, prazos e responsabilidades estabelecidos, fatores de controle, (iii) lideranças participativas, (iv) penalidades justas e construtivas, dentro de patamares éticos aceitáveis, respeito, entendimento e tolerância, normas e procedimentos, e, de forma fundamental, aonde começa e termina a responsabilidade de cada um (direitos e deveres).

A mensagem que fica: não adianta se investir no profissional tão somente pelo lado técnico, se for esquecido à principal variável: trabalhar, aperfeiçoar, desenvolver o lado humano. Para salvar o planeta, as corporações, temos que salvar o ser humano da sua acelerada autodestruição, de si mesmo, de sua ambição desenfreada.

Será que queremos mudar ou continuar marchando rapidamente para o abismo anunciado?

Sobre o Autor:

Júlio Correia Neto, Contador e Business Coach com especializações nas áreas de negócios, liderança, empreendedorismo e humanas. Experiência em posições de liderança em empresas nacionais e multinacionais, tendo conduzido processos críticos de gestão compartilhada de mudança organizacional, utilizando metodologia que integra aspectos técnicos e humanos para atingir os resultados de forma rápida e consistente.

E-mail: juliocorreianeto@hotmail.com

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