Concentração, a chave da eficiência

Bayard Galvão
Bayard Galvão

Concentrar-se é a base da eficiência. Quem tiver dificuldade nisso,  tenderá a ser
ineficiente em qualquer coisa que se proponha a fazer.

Dr. Bayard Galvão

Situação 1: final do campeonato mundial de judô. Ambos têm a mesma capacidade técnica, força, resistência e agilidade. Quem tende a ganhar?

Situação 2: funcionário costumeiramente eficiente com problemas familiares, recebe e-mail importante no trabalho e o responde sem muita lógica ou precisão. O que lhe faltou?

Situação 3: dono da empresa, por medo da crise, fica irritado, descontando nos colaboradores e família, não conseguindo achar um caminho para lidar com a situação. Qual a primeira falha que ele está cometendo?

Situação 4: empreendedor, com excesso de tarefas na empresa e lar, fica exausto e começa a ter problemas de memória. O que fica comprometido no seu dia a dia?

Situação 5: empresa exige horas de dedicação do colaborador, com um mínimo de descanso, sua produtividade flutua demais ao longo do dia. O que está sendo afetado?

Situação 6: indivíduo lê a mesma página quatro vezes e continua com dificuldade de lembrar o que leu. Qual seria uma causa comum?

Todas essas situações podem ter como causa e efeito a base da produtividade e eficiência de profissionais: a concentração.

Concentração é o direcionamento psíquico para uma determinada atividade. Poucas pessoas conseguem se concentrar quando querem. Concentrar-se alguns minutos por dia lhe tornará um profissional mediano; algumas horas por dia, alguém de algum mérito; e várias horas por dia, um indivíduo incomumente eficiente. Aprender a se concentrar, apesar dos pesos da vida, nisso consiste muito da eficiência de qualquer pessoa em qualquer aspecto do viver.

Efeitos comuns de baixa ou pouca concentração: baixa eficiência, erros constantes, dificuldades de memorização e aprendizagem, diminuição de produtividade e gastos aumentados da empresa.

Causas mais comuns para diminuir de concentração: fadiga, depressão ou quadros de ansiedade, excesso de trabalho, medo de perder emprego, problemas familiares, receio de errar, preocupação exacerbada com a opinião dos outros, querer fazer muitas coisas ao mesmo tempo, “clima ruim” com colegas no emprego, baixa organização do tempo de atividade e descanso dos profissionais, além de falta de motivação financeira, reconhecimento do trabalho e/ou apenas falta de significado para si da atividade em questão.

Tanto profissionais quanto empresas podem desenvolver mecanismos de aumento de concentração de funcionários e de si mesmos, levando em conta que quanto maior a necessidade do intelecto, maior a necessidade de um alto nível de concentração na atividade psíquica para a eficiência e competência do mesmo.

Há ideias que possam ser pensadas para aumentar a probabilidade de concentração, tanto por parte do próprio profissional quanto da empresa:

– Aprender a lidar com a ideia de poder não ser o primeiro algumas vezes ou várias delas em resultados. Ficar refém da competição a torna mais difícil. A ideia acaba sendo: faça o seu melhor e onde você chegar, chegou! Complicado ser o melhor na empresa com um filho de dois meses chorando a noite inteira e uma esposa que entrou em depressão pós-parto.

– A cada duas horas de trabalho, cerca de 15 minutos de intervalo, diminuindo o cansaço ao final do dia, assim como a fadiga, nível de irritabilidade e probabilidade de gerar um quadro de ansiedade ou depressão.

– Colocar o núcleo familiar a par das dificuldades no trabalho, tal qual como os pais querem que seus filhos sejam com eles, mas com todas as medidas respeitadas, os filhos podem saber um pouco e a esposa ou esposo por inteiro. Não foram poucos os homens e mulheres que se afundaram em dívidas por não saberem expor para a família a situação financeira da mesma, continuando os gastos no mesmo nível e só piorando a situação, comprometendo a concentração no trabalho.

– Pergunte-se o quanto um “clima ruim” no trabalho com colegas vem do outro ou de si. Em determinado momento, se retroalimenta sozinho: um não trata bem o outro, que por sua vez não se dedica a ser minimamente simpático, aumentando a probabilidade do ciclo perpetuar. Isso é ruim para a empresa e para o próprio funcionário. Buscar se tornar uma pessoa leve, não aduladora e nem tampouco falsa demais, já é melhor do que a antipatia e respectivos efeitos.

– Priorizar o trabalho. Não são poucas as pessoas que se dedicam demais a coisas pouco importantes, não finalizando as importantes-urgentes-prioridades. A sequência correta é sempre com base na pergunta: o que tem que ser feito hoje e o que pode ser deixado para amanhã? Por vezes, dedica-se demais a uma e pouco a outra.

– A maioria dos profissionais se sentem motivados pela empresa mediante salário, prêmios, elogios, “happy hours”, bons móveis e equipamentos para trabalhar, ambiente leve com colegas, pouca contundência do chefe, possibilidade de promoção, horário de trabalho, flexibilidade de local de trabalho (“home office”), auxílio de pagamento de cursos para aprimoramento, treinamentos ricos em conteúdo e sensação de estar fazendo algo importante. Quanto mais uma empresa souber propiciar essas situações aos seus colaboradores, mais eles tenderão a se dedicar e se concentrar nela.

Concentrar-se é a base da eficiência. Quem tiver dificuldade nisso, tenderá a ser ineficiente em qualquer coisa que se proponha a fazer.

Sobre o Autor:

Bayard Galvão é Psicólogo Clínico formado pela PUC-SP, Hipnoterapeuta e Palestrante. Especialista em Psicoterapia Breve, Hipnoterapia e Psiconcologia, Bayard é autor de cinco livros, criador do conceito de Hipnoterapia Educativa e Presidente do Instituto Milton H. Erickson de São Paulo. Ministra palestras, treinamentos e atendimentos individuais utilizando esses conceitos.

Site: www.institutobayardgalvao.com.br

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