O caminho da criatividade

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Bayard Galvão
Bayard Galvão

Criatividade é a capacidade de dar origem a algo que o indivíduo nunca tenha visto ou ouvido de outra pessoa e que possua algum tipo de funcionalidade, para si ou outros.

Ninguém criou algo antes de saber alguma coisa. As aprendizagens humanas são feitas pelo que a pessoa presenciou e criou por si. Então, poder-se-ia dizer que o ser humano é fruto e agente de aprendizagens, cuja criatividade é uma síntese nova do que vivenciou até o momento da criação de algo.

Não vale comentar aqui sobre aqueles que fazem de conta que criaram algo, para si ou outros, mas que no fundo apenas plagiaram o que outro disse, escreveu ou fez. Entretanto, afirmar que alguém tenha uma criatividade de mérito 100% próprio é puro engano. Minimamente falando, utiliza-se o que outros já inventaram ou descobriram, para ir além. Então, o mérito de qualquer criação não será absolutamente próprio.

Portanto, a criatividade vem de um conhecimento prévio, construído por si e outros, nunca só de um ou de outro. Podemos pensar numa criatividade horizontal, que seria o equivalente a fazer algo diferente, mas com o mesmo nível de tecnologia-conhecimento; contudo, há a criação que poderíamos chamar de vertical, que representaria uma coisa nova em termos de tecnologia-conhecimento. Como seria mudar a aparência dos faróis de um carro ou criar uma forma nova de luz ou emissão dela no farol dele. Sendo possível ainda usar a expressão “salto quantitativo” e “salto qualitativo”, respectivamente.

Tecnicamente escrevendo, o caminho da criatividade – seja num “salto quantitativo” ou “qualitativo” – teria a sua trilha pautada em perguntas feita às claras ou intuitivamente:

– O que eu sei sobre determinado assunto?

– Quais seriam algumas melhorias possíveis com relação a este conhecimento?

– Preciso me aprofundar no que já é conhecido acerca dessa área?

– Do que as pessoas que usam determinado conhecimento ou produto estariam sentindo falta?

– Como posso tornar mais simples ou barato essas ideias?

– Como eu resumiria o que eu sei referente a esta área em cinco minutos?

– Quais os erros, faltas ou enganos que eu tenho deste conhecimento?

– Quais foram as grandes descobertas de quem melhor se aprofundou neste reino?

As perguntas não acabam, afinal, as vezes grandes descobertas vêm de “erros” e não da criatividade. Um cozinheiro pode descobrir, ao fazer um molho de queijos, que se não cuidar do tempo do leite ou creme de leite no fogo, o molho coalhará; com base nesse erro, ele pode começar a fazer queijos coalhados dos mais diversos e belos sabores.

Transe é um momento de intensa concentração, que em se fazendo essas perguntas, aumenta a probabilidade de saltos quantitativos e qualitativos. É o estado ideal de qualquer atividade eficiente, seja dirigir um carro a 240km/h, escrever uma tese de doutorado ou desenvolver um “App”.

A seguinte sequência pode ser feita para criar um estado de transe: ficar num lugar calmo, com poucos estímulos externos, ouvir uma música que facilite a concentração, respirar profundamente cinco vezes e se fazer as perguntas acima e tantas outras que vierem à mente.

Não são poucos os casos que alguém pode estar no meio do trânsito e, repentinamente, vem o salto qualitativo do tipo “Eureka!” (“Descobri!”), dito supostamente por Arquimedes, há mais de 2000 anos. Momentos como esses poderiam achar suas analogias na “última peça de um quebra-cabeça, em que 98% dele já estava feito”, após inúmeras reflexões, incontáveis conhecimentos e muito suor. Aí alguma coisa, seja uma música, uma maçã que caia da árvore, ou no caso do filósofo, descobrir que ao se afundar numa banheira de água o volume do seu corpo jogava o equivalente de água para fora, chegando à conclusão que poder-se-ia mensurar o volume da coroa perguntado pelo Rei Hierão, desafio proposto por este, e com o qual o pensador estava se debatendo.

Resumindo: para termos “Eurekas!” na vida, precisamos conhecer, nos fazer perguntas e assim construir mais conhecimentos, até que vamos criando saltos quantitativos e qualitativos. Quanto mais conseguirmos nos concentrar em todos estes momentos, maior a probabilidade de criatividade; embora, por vezes, por algum presente da vida, até por já existir muito conhecimento, a “peça” que faltava era observar melhor o nosso dia a dia, sem grandes concentrações. Entretanto, para ter um olhar sábio e ver as belezas simples da vida e natureza, quanto de vivência e sabedoria já precisaria existir anteriormente?

Sobre o Autor:

BAYARD GALVÃO é Psicólogo Clínico formado pela PUC-SP, Hipnoterapeuta e Palestrante. Especialista em Psicoterapia Breve, Hipnoterapia e Psiconcologia, Bayard é autor de cinco livros, criador do conceito de Hipnoterapia Educativa e Presidente do Instituto Milton H. Erickson de São Paulo. Ministra palestras, treinamentos e atendimentos individuais utilizando esses conceitos.

Site: www.institutobayardgalvao.com.br

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