Meandros de Desemprego no Pais

Júlio Correia Neto

Tenho observado que, mesmo com um cenário de trabalho conturbado, existem profissionais que, mesmo desempregados, continuam com ‘salto-alto’, ou seja, anseiam por manter patamares salariais similares ao último emprego, muitos deles, inflados pela bolha do pleno emprego no Brasil. Minha interpretação acerca do que estou vendo: está sendo ‘mais inteligente’ ficar em casa, queimando possíveis reservas financeiras ou a própria rescisão, do que se manter no mercado, algumas vezes ganhando até 50% menos, todavia, mantendo-se ativo, experimentando novas experiências e, quem sabe, na retomada do mercado, abraçar grandes oportunidades. O que será que levam profissionais a agirem desta forma?

  • Vaidade/orgulho por se sentir rebaixado, inferiorizado?
  • Um ego descontrolado: ‘você é muito bom para se submeter à tamanha humilhação? O que vão dizer seus amigos?
  • Abandonar, momentaneamente, certos hábitos de consumo, por medo de se mostrar fracassado?
  • Vergonha perante o cônjuge, filhos e familiares?

Com isso, as pessoas perdem a grande oportunidade de continuarem na estrada do seu desenvolvimento pessoal e profissional, ainda mais em um momento conturbado como o que está sendo vivido. Preferem se agarrar, em muitas das vezes, na necessidade torpe de se manter superior. Alguns agem desta forma tão naturalmente, que não percebem o quanto de mal estão fazendo unicamente a si mesmos, deixando de lado oportunidades diversas. Eu, particularmente, sempre foquei minha carreira profissional em ‘ter trabalho’, que é muito diferente de ‘ter emprego’. Sempre procurei desenvolver o que os teóricos denominam de empregabilidade. E entendo que um dos componentes do desenvolvimento da empregabilidade está intrinsecamente relacionado com o grau e diversidades de experiências que o profissional se permitiu e permite, ao longo da carreira.

O texto visa provocar uma reflexão sobre o alto índice de desemprego atual e como muitos profissionais estão preferindo se colocar fora do mercado unicamente por questões de ego e vaidade.

Sobre o Autor:

Júlio Correia Neto é Contador e Business Coach com especializações nas áreas de negócios, liderança, empreendedorismo e humanas. Experiência em posições de liderança em empresas nacionais e multinacionais, tendo conduzido processos críticos de gestão compartilhada de mudança organizacional, utilizando metodologia que integra aspectos técnicos e humanos para atingir os resultados de forma rápida e consistente.

E-mail: juliocorreianeto@hotmail.com

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