Aprender fazendo: um ovo de colombo

Ana Lucia
Ana Lucia

“Se não for divertido, não estamos interessados.”

( Daniel Goleman )

 

Hoje, no ambiente corporativo, busca-se cada vez mais intensamente a presença de indivíduos. Ou seja, seres humanos capazes de conviverem em harmonia em um ambiente criativo. Mas, quem é o indivíduo? Como definir este ser? Indivíduo é um ser inteiro, indivisível, holístico. E como estes traços podem ser reconhecidos?

Perguntaram, certa vez a um bem sucedido homem de negócios o que faz uma pessoa criativa “funcionar”. Eis a resposta:

Esta é a essência do ser indivíduo: buscar conhecimento. Conhecimento é a verdadeira matéria da qual são feitas as idéias. Entretanto, sabemos que conhecimento engavetado não cria novas realidades. Precisa sair das profundezas onde o guardamos para gerar descobertas. Descobrir consiste em olhar para o que todo mundo está vendo e pensar uma coisa diferente.

Eu, por exemplo, busco manter o Olhar Maravilhado, com aquela inocência primordial dos “clowns de Shakespeare”. Ou dos Teletubies, que tomam creme gostoso. O que é infinitamente mais divertido, prazeroso e substancial do que tomar mingau. Eu decidi: vou passar a vida tomando creme gostoso.

Entretanto, como retirar os véus que encobrem o mundo?

Precisamos de uma tecnologia poderosa para essa gigantesca tarefa e, surpreendentemente, já a temos: é o nosso cérebro, usado de uma forma holística, inteira, na qual os dois hemisférios se encontrem estimulados integralmente.  

Não existe um hemisfério mais importante do que o outro. Na verdade, os dois têm funções complementares. É esse o motivo pelo qual nos sentimos bem quando desenvolvemos uma atividade que une funções dos dois hemisférios. Um dos principais problemas do paradigma cartesiano-newtoniano é justamente a ênfase nas atividades do lado esquerdo do cérebro em detrimento das do lado direito.Todo o antigo paradigma  é construído em cima do racionalismo, da fragmentação ,das letras e números. Esta concepção fragmentada é a tônica ainda na maioria de nossas organizações.

Neste panorama o Jogo, as História, a Metáfora surgem, sem dúvida, como alguns dos instrumentos mais valiosos à nossa disposição para construir o processo de crescimento pessoal que objetivamos. O homem é um jogador, um ser lúdico, e que ri! Embora muitos tenham que re-aprender.

Uma das principais vantagens das atividades lúdicas é permitir aos participantes a utilização de todo o seu potencial e fornecer ao aplicador um perfil bastante fiel das personalidades envolvidas. Além disso, é um instrumento dos mais importantes em qualquer programa de educação que tenha por objetivo dar ênfase às fortalezas de cada indivíduo. Por meio dele, as pessoas exercitam habilidades necessárias ao seu desenvolvimento integral; dentre elas: autodisciplina, sociabilidade, afetividade, criatividade, valores morais, espírito de equipe, bom senso. Revelam-se facetas de  caráter que normalmente não são exibidas por receio de sanções. É um exercício, que se caracteriza pela espontaneidade, durante o qual o indivíduo dramatiza a vida.

Um dos motivos pelos quais o jogo é tão atraente é o fato de possibilitar aos participantes, através desta dramaticidade, aprender fazendo, de forma atraente e progressiva. Outro motivo é que possibilita  a vida equipe.

Outro motivo é que possibilita a vida equipe. Os seres humanos são produtos de suas histórias pessoais, mais do que de qualquer outra coisa. Uma equipe pode ser vista como uma agregação de diversas histórias interagindo num sistema dinâmico de equipe, criando acordos e desacordos, harmonia e conflito, sucesso e fracasso. Uma equipe bem sucedida  possui estabilidade, consistência e harmonia. Podemos imaginar uma equipe de alto desempenho sem qualquer desses atributos?

Os Jogos, experimentados em sua plenitude , colocam cada participante em profundo contato consigo mesmo, com o outro e com o ambiente que o cerca, construindo, assim, uma ponte segura e firme entre os hemisférios cerebrais. Assim, as habilidades que habitam em cada um deles fluem livremente, construindo um ser realmente indivíduo. Nisto reside seu maior fascínio. Aprende-se, vivendo, fazendo.    

Aprender fazendo tem sido a forma mais efetiva de aprendizagem, apesar de pouco difundida. Mesmo entre nós, profissionais que trabalhamos com  desenvolvimento de talentos e habilidades, o aprender fazendo, recurso dos mais atraentes, não tem sido usado com a freqüência necessária; muitas vezes, por não confiarmos na capacidade de realização do ser humano, não permitimos que ele faça e, fazendo, aprenda.

Os seres humanos têm a capacidade inata de transcender suas formas mecânicas – as limitações de seus corpos – e as limitações de seu pensamento mecânico para produzir resultados extraordinários, para dançar na superfície da lua, para explorar as profundidades dos oceanos, para criar vida numa célula, e para decifrar os complexos mistérios da criação.

É somente através do trabalho dos indivíduos que poderemos criar um mundo ao qual todos nós queiramos  pertencer!

Sobre a autora:

Ana Lúcia de Matos Santa Izabel é graduada em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, pós-graduada em Administração em Recursos Humanos, master em PNL. É pesquisadora, consultora, professora, palestrante. Tem seus artigos publicados em jornais e revistas de circulação nacional.

e-mail: analucia@orioncomunicacao.com.br

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7 Respostas para "Aprender fazendo: um ovo de colombo"

  1. É incrível como me sinto flutuar ao ler um texto escrito pela Ana Lúcia… Tudo se encaixa perfeitamente e as palavras vão se transformando em imagens e sensações extraordinárias..

    Parabéns pelo texto mais uma vez….

    Ana, você coleciona suspiros?

    😆

  2. Ana, adorei seu artigo, sou uma admiradora de sua facilidade em nos proporcionar reflexão, insights…e principalmente por nos mostrar sempre que aprendizado e alegria estão de mãos dadas. 😉

  3. Anin ha peregrina..sabes que sou sua fã de seus escritos..tudo que voce escreve amiga tem o sabor de poema…de ludicidade… de sabedoria.. gosto de te4 acompanhar nas listas das quais participamos e bom te ver aqui com o Fantone.. sempre tão junto de nós profissionais de rh..
    Sucessos amiga e parabens. edna paiva-recife

  4. Ana, como colocado no seu artigo, temos um grande desafio em difundir atividades de forma lúdica nos negócios. parabéns pelo bom trabalho. Abraços.

  5. Flávia Galvão · Editar

    Parabéns Ana, venho acompanhando os seus textos diários pelo grupo gpessoas-rs e a cada dia me surpreendo mais com a sua bela capacidade em usar o dom da palavra para distribuir conhecimentos e oferecer reflexões para os leitores. Gostei muito do texto, e vou divulgá-lo aos meus contatos. Abraços
    😉

  6. Adorei o artigo, realmente sempre se diz que o difícil é fazer porque, em grande parte, continuamos não permitindo que o outro faça e, consequentemente, que não se realize. Ana Lúcia usou uma linguagem poética, lúdica, até mesmo “encantada” para nos apontar algo de grande seriedade. Parabéns!!!!

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