A Ingratidão de Hawking

Floriano Serra
Floriano Serra

O britânico Stephen Hawking, doutor em Cosmologia, o mais famoso e consagrado cientista da atualidade neste tema, é também considerado o mais brilhante físico teórico desde Einstein. Em seu best-seller científico “Uma Breve História do Tempo” (1998), ele demonstrava aceitar a possibilidade de um Criador do Universo, dizendo até que poderíamos “conhecer a mente de Deus, se um dia fosse descoberta uma teoria completa do Big Bang”.

Agora, Hawking mudou de idéia. No seu novo livro “The Grand Design”, lançado mês passado, ela afirma que “Não há lugar para Deus nas teorias da criação do universo.” Segundo ele, “é provável que o universo tenha nascido do nada”. Se Sir Isaac Newton fosse vivo teríamos um belo debate.

Esse tema não é a minha praia, já que sou psicólogo. Mas ingratidão, como outros aspectos do comportamento humano, é. E eu acho, com todo o respeito, que Hawking está sendo ingrato com Deus.

Nascido em 1942, em Oxford, Inglaterra, aos 21 anos de idade Hawking foi diagnosticado como portador de esclerose amiotrófica lateral, rara e terrível doença degenerativa que paralisa gradativamente os músculos do corpo e para a qual infelizmente ainda não há cura. De acordo com os médicos da época, ele teria apenas mais dois anos de vida. Pois bem, isso aconteceu a 32 anos atrás! Durante esse tempo, Hawking já fez traqueotomia, já teve pneumonia e. aos poucos, foi perdendo o movimento dos braços e pernas, da musculatura voluntária a até a força para manter a cabeça erguida. Atualmente, Hawking utiliza um sintetizador de voz para se comunicar e está quase completamente paralisado. Contudo, apesar dessas enormes limitações, continua na ativa – escreveu inúmeros livros e artigos, dá aulas e palestras, criou teorias, ganhou diversos prêmios, casou duas vezes, tem três filhos e um neto e, como já foi dito, acaba de lançar mais uma polêmica obra. Ele é considerado “um milagre médico.”

Eu prefiro considerá-lo um milagre de Deus. Penso que não seria necessário Hawking perscrutar a infinitude do Universo e elaborar suas inteligentes teorias para descobrir se existe ou não um Deus criador do Universo. Essa prova está bem pertinho dele – para não dizer dentro dele.

Em um trecho do seu novo livro, Hawking diz que “não era necessário pedir a ajuda de Deus para explicar a origem do Universo”. Diante disso, é de se supor que o genial cientista não tenha, ele próprio, pedido a ajuda de Deus para se tornar o milagre vivo que é. E talvez também não tenha elaborado alguma teoria para explicar sua extraordinária sobrevivência diante da situação.

Dentre outras inúmeras coisas, é por isso que acho Deus muito legal: ele não busca nem pede reconhecimento e méritos para seus milagres e criações. Não pede nem mesmo que acreditem na Sua existência. Mas apenas que as pessoas se amem, se ajudem e se respeitem. E, se tiverem tempo, que pensem n’Ele de vez em quando, mesmo que seja para dizer um “oi, tudo bem?”. Simples assim.

Será pedir muito?

Sobre o autor:

Floriano Serra é psicólogo, consultor, palestrante e facilitador de seminários comportamentais. É diretor-executivo da SOMMA4 Gestão de Pessoas, autor de vários livros e inúmeros artigos sobre o comportamento humano. Ex-diretor de RH de empresas nacionais e multinacionais.

e-mail: florianoserra@terra.com.br

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Uma Resposta para "A Ingratidão de Hawking"

  1. Prezado Floriano, li seu artigo com atenção e comungo com o mesmo pensamento do amigo. É de se espantar a indiferença de Hawking para algo que nem ele mesmo sabe explicar: a sobrevivência dele mesmo por tanto em condição tão precária. A nós cabe respeitar o ponto de vista, mas que é intrigante, isso é, embora isso não abale a nossa crença. Um abraço e parabéns pelo artigo!

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