A Subjetividade da Ética

Cristina Piton
Cristina Piton

Nada mais propício do que iniciar o ano falando de ética. Ela não faz parte das competências essenciais exigidas nos processos seletivos, não de forma objetiva, clara, até mesmo por ser algo pouco ou nada mensurável. Mas sem dúvida se faz presente em toda e qualquer interação humana.

Se pararmos para pensar, nunca houve uma escola de formação para nos tornarmos éticos. Na maioria dos casos, nossos mestres, pensando de forma otimista, foram nossos pais, amigos, chefes admiráveis ou ainda professores de nossa formação de base.

A doutrina ética se aplica em qualquer caso, desde um produto não cobrado no caixa de supermercado até uma quantia creditada em conta corrente que não nos pertence. O que vale, é a forma com que lidamos com cada situação e o que pensamos sobre ela. Sempre que oportuno, pergunto às pessoas o que elas pensam sobre ética e na maioria das respostas está o “estabelecer o que é certo e errado na vida”, “conduta que optamos em determinados momentos”, ou ainda, “ tomar decisões diante das situações em que ninguém saia prejudicado”. Mas, se cruzarmos estas respostas com a teoria de Daniel Goleman, sobre inteligência emocional, em que ele afirma que, nos momentos críticos, nosso cérebro rastreia suas informações sinápticas armazenadas, busca a melhor resposta e o faz agir ou paralisar de acordo com as experiências anteriores. Assim, façamos o seguinte raciocínio: se você está sendo assaltado e já viveu esta cena em outro momento, você vai optar pela defensiva ao ladrão ao invés do ataque e reação e que nosso cérebro não necessariamente responde aos estímulos da mesma forma. Daí , volto ao tema ética e questiono: se você passou por uma situação  financeira extremamente crítica e encontra casualmente uma maleta 007 com um bilhão de euros, você vai responder com a devolução da mesma em uma delegacia por ser ético incondicionalmente? Será que a situação experenciada de “dureza” não vai interferir na tomada de decisão?

A resposta é muito peculiar, mas vale relatar que na maioria das vezes em que as pessoas em uma determinada empresa versus situação, optam por não serem éticas, boicotam, criam redes clandestinas, jogam no ponto fraco, deduram, iniciam a rádio peão ou até mesmo se fingem de desentendida, tem total relação com seus próprios  interesses que, de forma subjetiva agem o tempo todo dando direções inesperadas à situações plenamente previsíves.

Neste momento, a ética é de fato para poucos que humildemente esmagados sentem a conspiração e a pressão se torna quase que insuportável ao ponto de tomar decisões erradas e  “sequestradas” de sua forma original.

A ética deve ser ensinada desde tenra idade, mostrando todas as suas faces boas e ruins, ampliando seu significado e saindo da ilusão de que o bem sempre vence o mal. Os heróis da infância permanecem em nossas mentes, mas pouco ou nada se encontra na rotina de nossas vidas.

Nem sempre aquele que aparentemente ético, é o mocinho e nem sempre aquele que age inescrupulosamente é o vilão. É preciso estar atento aos sinais, discurso versus ação, coerência ao triangular fatos, cautela e muita observação.

 

Sobre a autora:

Cristina Piton Consultora há mais de 16 anos em Gestão Humana e Qualidade Total. Graduada em Educação Física pela FEFISA, pós graduada pela USP em Neurofisiologia Cardiovascular, Jornalista graduada pela FIAM. Atuação em treinamentos e palestras voltadas à gestão humana, expertise em assessoria geral de Call e Contact centers. Formou-se  na Fundação Getúlio Vargas em diversos temas voltados ao comportamento humano e é sócia diretora da CP ONE INTELIGÊNCIA EM TALENTOS HUMANOS.

site: www.cpone.com.br   

email: cristinapiton@cpone.com.br

 

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Uma Resposta para "A Subjetividade da Ética"

  1. gilmar soares da silva · Editar

    Oi.
    Cristina adorei seu artigo sobre Ética,suas colocações e exemplos são perfeitos,mas o que pensa sobre o que o Senador Lobão disse em prenário em relação a  Ética.?

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