O Sistema de Saúde e a Formação do Enfermeiro

Maria Lucia Moura
Maria Lucia Moura

A educação do enfermeiro vem criando interfaces na própria investigação sobre os riscos do trabalho e do cuidar, sem cuidado. Haja adequações e percepções para se manter com saúde, cuidando, apesar das transformações no exercício da profissão.

Visto sob essa ótica ainda há pessoas com pensamentos humanísticos, apesar das dificuldades nos recursos humanos e financeiros, muito embora uma coisa não dependa da outra. Sabemos que o enfermeiro no seu cotidiano cuida implicitamente, mesmo com os fatores de relacionamentos, convivências, onde se faz um grande esforço para se promover a saúde e o bem estar individualmente.

Diante dessas afirmações a enfermagem consegue apesar das dificuldades encontradas, ajudar a restaurar e ainda tentar favorecer bem estar ao outro. Estão sempre com o olha imbuído no cuidar humano e isso é produção do conhecimento! Sempre procurando outros enfoques para o cuidado, trabalhando  em diversos campos, atuando, identificando, intervindo em várias áreas, que abrangem sua formação.

Vale lembrar que é um desempenho necessário que se obtém com boa vontade e perseverança. O enfermeiro está sempre pesquisando o que possa contribuir a mais para o cuidado em enfermagem. O bom cuidador, também precisa ser cuidado. É uma rotina envolvendo a equipe de enfermagem, às vezes com muita tensão e com ansiedade, esgotamento, pois é uma jornada de trabalho intensa.

De acordo com Boff 1999, “como uma atitude e característica primeira do ser humano, o cuidado revela a natureza humana, é a maneira mais concreta de ser humano”.  O cuidado do enfermeiro para com o próximo traduz um inter-relacionamento tentando considerar suas necessidades físicas, espiritual e social. São atitudes de atenção e solicitude para com o outro, pois inevitavelmente a inquietude faz com que haja um envolvimento emocional.

Nesse sentido o enfermeiro acolhe o cliente e o seu familiar com toda a dignidade necessária, para que possa atingir um nível de cuidado onde possa promover a saúde e conforto, mesmo que não haja condições para tal. Além de saber que cuidar, não é só identificar os sinais e sintomas, todo o processo de formação do enfermeiro foi mediado por todas as características da técnica com excelência e na dualidade da disciplina e docilidade do “ser”.

Visto sob essa ótica todo um sistema de saúde relaciona-se na qualidade do atendimento e do cuidar em enfermagem, até porque o bombardeio da globalização traz perspectivas para o futuro e todo cidadão conhece seus direitos e a enfermagem caminha junto com o respeito e a individualidade de cada um.

Nesse sentido a enfermagem além de ser uma profissão comprometida com a coletividade, compromete-se contribuindo na implantação e manutenção das políticas de saúde, já que são profissionais conscientes com as atividades inseridas na saúde coletiva até porque o seu contato com a comunidade é intenso e diário.

Na verdade o trabalho em saúde retrata as variabilidades decorrentes das demandas indefinidas pela descontinuidade do trabalho em saúde, guardando algumas peculiaridades que o impedem de competir numa lógica inflexível, como a conformidade dos critérios da geração de material improdutivo sem condições de avaliar sua produtividade.

É certo que a enfermagem ainda tem um grande caminho a percorrer. Por isso é importante uma análise da diversidade, dimensão da coletividade para que se possam apontar as diferentes práticas adotadas para a promoção da saúde. Portanto é sabido que o enfermeiro que trabalha com a saúde coletiva é de grande importância para manter as políticas de saúde, pois é o agente catalisador dessa política, sendo o profissional transformador com conhecimento e competência conscientizadora.

Nesse contexto percebe-se a dificuldade de utilização na prática, por exemplo, de entendimento sobre a promoção da saúde, intimamente referenciando á compreensão de que a saúde é subordinada aos resultados de outras subdivisões das ações governamentais, dificuldade que, para ser derrotada, requer o intelecto a aceitação e a garantia da promoção da saúde.

Dando continuidade para intervir nessa realidade, é necessário que os setores da educação e saúde e os enfermeiros estabeleçam uma estreita e permanente parceria entre as instituições, objetivando aperfeiçoar ações conjuntas e unidas para a elaboração e a criação de alternativas que possam conjugar a promoção da saúde e o cuidado.

Vale enfatizar que a formação do profissional enfermeiro tem como obrigação  refletir a compreensão do envolvimento dos fatores sócio econômicos e culturais da população brasileira, articulando com novas ações para a formação do enfermeiro, baseadas novas práxis educativas munidas de sistemas educacionais empenhadas com a reforma social.

 “Aprender a conhecer e aprender a fazer são, em larga medida, indissociáveis. Mas a segunda aprendizagem está mais estreitamente ligada à questão da formação profissional: como ensinar o aluno a pôr em prática os seus conhecimentos e, também, como adaptar a educação ao trabalho futuro quando não se pode prever qual será a sua evolução.”Delors, 1999.

Isso nos fez caminhar no sentido de propor uma ação inovadora que trouxesse outro significado à formação docente para a educação profissional em saúde, no campo da Enfermagem, compatível com a prática que se espera dos enfermeiros professores e que, na realidade, guarda os mesmos princípios esperados na prestação do serviço em saúde. Moura, 2005

Vivemos uma era científica onde no ensinar/aprender predomina o conhecimento racional, científico aceitável. A percepção e os valores formam uma mudança nos paradigmas e a percepção do enfermeiro muda com o reconhecimento da realidade, influenciando o cuidar com uma nova visão das pessoas na sua integralidade, e um compromisso sério com os profissionais do futuro.

REFERÊNCIAS.

  1. BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis, RJ. Vozes, 1999.
  2. DELORS J.- Educação um tesouro a descobrir: Relatório para a UNESCO da Comissão internacional sobre educação para o século XXI. 3ª ed., São Paulo: Cortez- MEC, 1999.
  3. MOURA MLC. Ensino e Competência para Competência na Enfermagem. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Pós Graduação da Universidade Veiga de Almeida. Docência do Ensino Superior. Rio de Janeiro, 2005

Sobre a autora:

Maria Lucia Costa de Moura: Enfª. Profª Msc; Enfª do trabalho. Hospital Universitário Pedro Ernesto – HUPE. TPB Dishupe.

email: lucidalv@yahoo.com.br

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16 Respostas para "O Sistema de Saúde e a Formação do Enfermeiro"

  1. Parabéns Maria Lúcia!!! É muito importante ressaltar sempre a missão abrangente da Enfermagem, visando cada vez mais tanto aperfeiçoamento interpessoal, como da técnica, proporcionando o bem estar na recuperação da saúde do individuo.  Como destacou no trecho: “Todo o processo de formação do enfermeiro foi mediado por todas as características da técnica com excelência e na dualidade da disciplina e docilidade do “ser”.”.  Enfermeira Maria Lúcia, um EXEMPLO de profissional!
    Beijos Enfermeira Rafaela 

  2. Parabéns tia! Muito interessante esse artigo que você fez! Espero que venham outros.. tá de parabéns! Beijos 😆 😛 😉 :mrgreen:

  3. Ademario Bomfim Costa · Editar

    É importante gostarmos do que fazemos só assim as coisas são bem feitas e é o que vemos nessa publicação, a mais pura prova de competencia, dedicação e amor a profissão ! Parabéns Lúcia, estou   sinceramente com orgulho de voce, aguardamos os proximos.

  4. Olá Maria Lucia,
    Apostei em voce e estou orgulhosa. Parabéns!! Espero mais pois sei que voce é capaz.
    Carmen

  5. Olá Maria Lúcia,

    Eu sempre tive certeza que poderia apostar em voce. Aqui está a prova. Parabéns e estarei sempre esperando mais, poque sei que voce é capaz!!!!!.

    Carmen Çupi

  6. Aline Amarantear · Editar

    Obrigada por mostrar através de belas palavras, sua dedicação a quem cuida. Te admiro  muito como profissional amiga que é. Beijinhos e muito sucesso…
    Aline Amarante

  7. Maria Lucia Moura · Editar

    Oi Michele

    Bom dia

    Realmente a enfermeira ES Silva, é muito mais que maravilhosa!
    Beijos pra voce.
    Obrigada pela lucidez do comentário.
    Maria Lucia Moura

  8. Jose Francisco · Editar

    Essa conheço de bancos escolares. Trata-se de pessoa reflexiva e debruçada sobre as questoes pertinentes a saúde e qualidade de vida, sem perder de vista o foco da valorização e defesa do profissional enfermeiro tão necesário nas ações de saúde. Parabéns LUCIA, este trabalho representa 1% de inspiração e 99% de transpiração. Vc serve de exemplo para nós profissionais pela inquietude e questionamentos. Parabéns! José Francisco da Silva Filho – Cirurgião Geral.

  9. Impressionante como consegue expressar com tanta clareza o Enfermeiro no sentido em que ele é. E não no sentido de profissionais frustrados, que infelizmente ainda são maioria na área.

    Com certeza a senhora deve ter conhecido no Hospital onde trabalha, uma simples e absurdamente MARAVILHOSA E N F E R M E I R A . Cujo o nome abreviarei em E.S. Silva. Foi ela quem um dia me resgatou para enfermagem, a qual eu estava pronta a abandonar por remar sozinha.

    Parabéns!

  10. élida cappelli bouzon · Editar

    lucia parabéns pelo trabalho, muito pertinente o assunto frente as mudanças que estamos vendo e a desvalorização do profissional.

  11. Querida amiga parabéns artigo muito bom ,essa percepção  e positiva no crescimento da enfermagem do trabalho direcionado ao profissional da saúde .

  12. PARABÉNS Maria Lucia que seu sucesso seja contínuo e que você cresça cada vez mais dentro dos seus objetivos;  só tenho uma ressalva, você esqueceu de colocar o nome da EEAN/UFRJ em referência ao título de Especialista em Enfermagem do Trabalho. Um grande beijo.
    Eunice

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