A arte do bom feedback

Bayard Galvão
Bayard Galvão

Feedback é “alimentar de volta”, ou seja, quando alguém fizesse ou dissesse algo, receberia alguma opinião de outra pessoa acerca da atividade. No geral, as pessoas emitem muitas opiniões e poucas críticas. Um se refere a uma questão de gosto (“o seu slide estava poluído”), no outro, é proposto uma reflexão que mostraria uma falha de lógica ou eficiência (“aquela informação do slide está errada”), sendo essencialmente exigida uma mudança estrutural no que fora feito ou dito, embora a crítica seja destrutiva por definição, a intenção pode ser boa.

Um feedback pode ser no sentido de salientar (1) uma boa ideia ou resultado, (2) mostrar algum erro ou (3) mostrar uma solução possível. Poucos sabem fazer uso destas três possibilidades, focando num ou noutro.

Há diferentes sequências que podem ser utilizadas ao emitir uma opinião sobre o trabalho de alguém: mostrar onde está acertando, chamando atenção para alguma falta ou falha e orientar sobre uma solução (“Gostei da sua atitude na reunião. Você propôs uma boa solução, apesar de confusa. Numa próxima vez, tente resumir a sua ideia na sua cabeça antes de falar, tenderá a ter mais impacto e passar segurança aos colegas! ”); apenas sublinhar os acertos (“gostei da solução que você propôs na reunião”); propor alguma mudança de postura, atitude ou raciocínio, sem mencionar a opinião negativa ou crítica diretamente (“numa próxima reunião, seria interessante você resumir de maneira clara e objetiva as suas ideias antes de falar. Tenderão a te escutar melhor e te respeitarem mais”); apenas mostrar o erro, mas não propor uma resposta para o mesmo (“você foi prolixo e confuso ao emitir a sua opinião! ”); mostrar o erro e possível caminho de solução (“você foi confuso e prolixo ao emitir a sua opinião, seria recomendável você resumir de maneira clara e sequencial as suas ideias antes de dizer algo, numa próxima reunião”). Cada sequência carrega seus prós e contras, inúmeras podem ser criadas.

A linguagem utilizada pode ir de um extremo a outro. A mais leve seria uma postura do tipo “olha, vou apenas propor uma ideia, espero que seja útil”, indo até a outra que seria “faça o que estou dizendo e não discuta!”, sendo representadas por falas como “talvez você queira pensar um pouco mais antes de falar numa próxima vez” e “pense antes de falar!”, respectivamente. O ideal seria sempre a postura leve. Mas essa, infelizmente, acaba sendo muitas vezes uma maneira infértil de falar.

Ao ser dado um feedback, é sempre necessário ser levado em conta se tem mais alguém no recinto, sala ou almoço. Um feedback negativo para um colega de trabalho na frente do chefe tende a ser desastroso. Na dúvida, é sempre melhor fazer quando estiver a sós.

Quanto mais precisão cirúrgica tiver o feedback, mais tenderá a ser eficiente, como “naquele momento, quando você gaguejou, falou rápido e se explicou muito para chegar ao cerne da questão, deu a impressão de que você estava inseguro sobre o que estava dizendo, gerando uma aparência de despreparação. Seria interessante, numa próxima vez, você fazer o raciocínio consigo, resumi-lo, respirar fundo e falar olhando nos olhos de cada um”.

Não é incomum pessoas darem feedbacks sobre atos ou conhecimentos que, no fundo, não conhecem ou querem apenas diminuir o “brilho do outro”. Quando assim o for, vale refletir sobre o quanto uma resposta de defesa ou contra-ataque é válida, ou se é melhor apenas ouvir e agradecer a ideia. Criar ou aumentar animosidades desnecessariamente não costuma ser uma eficiente postura profissional.

Opiniões e críticas merecem ser levadas em conta, por mais que doam, pois quase todos esperam apenas elogios. Poucas pessoas crescem sem ouvir sobre seus erros ou orientações de outros. Alguém confirmar o que sabemos através de elogios é interessante para aumentar a autoconfiança, entretanto, uma opinião negativa nos ajuda a aprender a agradar alguém ou pelo menos, não desagradar; e é numa boa crítica que realmente costumamos crescer.

A melhor crítica ou opinião negativa será aquela de quem realmente sabe do assunto sobre o qual está falando e mostra as falhas, de maneira leve, firme e com boas soluções, sendo também justo para com os acertos. Sempre será doído ao ouvinte, mas também carregará o potencial de grandes evoluções.

Sobre o Autor:

Bayard Galvão é Psicólogo clínico, Hipnoterapeuta e Palestrante. Especialista em Psicoterapia Breve, Hipnoterapia e Psiconcologia, Bayard é autor de cinco livros e criador do conceito de Hipnoterapia Educativa. Ministra palestras, treinamentos e atendimentos individuais utilizando esses conceitos.

Site: www.hipnoterapia.com.br

* As ideias e opiniões expostas nos artigos e matérias publicados no Portal RHevista RH são de responsabilidade exclusiva de seus autores.

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