Liderança servidora: uma alavanca para o desenvolvimento empresarial, pessoal e social

João Borges – Divulgação
Ir. Vanderlei Siqueira Presidente
Grupo Marista

Provavelmente, você já se deu conta que, mais do que nunca, o tema da liderança está presente no nosso dia a dia. Convites para eventos, lançamento de novos cursos de graduação, além da leitura do tema em livros e nas mídias sociais. Por que o assunto está tão em evidência? A primeira resposta que me ocorre advém da tese de que, geralmente, quando algo dessa natureza acontece é porque estamos diante de uma crise de paradigmas.

A dinâmica do ambiente empresarial contemporâneo demanda líderes que transcendam os métodos tradicionais baseados no comando e controle. Nesse contexto, a liderança servidora emerge como uma abordagem transformadora, capaz de impulsionar o desenvolvimento das empresas, das pessoas e da sociedade de forma simultânea.

Na atualidade, quem está entre as lideranças de referência?  Provavelmente, para muitos, concordamos que o Papa Francisco é um dos grandes líderes do nosso tempo. Desde o momento em que foi eleito para suceder ao Papa Bento XVI, ele deixou poucas dúvidas quanto à direção que queria dar para a Igreja, começando com a adoção do nome de São Francisco de Assis, a figura que trocou a riqueza de sua família por uma vida monástica de serviço aos pobres. E essa tem sido a sua mensagem central no decorrer do pontificado: uma liderança servidora e o cuidado prioritário para com os mais necessitados.

Líderes assim tornam o mundo um lugar melhor porque seus objetivos estão focados no bem comum. Sua liderança não está centrada em recompensa, mas em responsabilidade. A esta liderança qualificamos como servidora.

Quem primeiramente cunhou o termo foi o pesquisador Robert K. Greenleaf, no ensaio The Servant as Leader, publicado em 1970, nos Estados Unidos. Para o autor, o líder servidor se concentra principalmente no crescimento e no bem-estar das pessoas e das comunidades as quais pertencem. Enquanto a liderança tradicional, geralmente, envolve o acúmulo e o exercício do poder por alguém no topo da pirâmide, o líder servidor compartilha o poder, coloca as necessidades dos outros em primeiro lugar.

Muitos consideram que esse tipo de liderança se aplica apenas a ambientes religiosos ou que não é possível liderar e servir ao mesmo tempo. No entanto, se considerarmos a liderança como a tarefa de conduzir as pessoas em uma determinada direção, fica mais fácil perceber que o líder servidor é o que melhor consegue fazer com que as pessoas se comprometam com a missão, valores e visão da organização.

Líderes servidores transcendem o papel convencional de chefe para se tornar um catalisador do crescimento coletivo, fomentando um ambiente de confiança, empatia e desenvolvimento mútuo. Este é o caminho proposto pela autor britânico-americano Simon Sinek, no livro Líderes se servem por último, como meio para construir equipes seguras e confiantes, nas quais as pessoas dão o seu melhor.

Entre os princípios da liderança servidora podemos destacar quatro características: a empatia, para promover um ambiente inclusivo; o empoderamento, que delega responsabilidades e estimula o desenvolvimento individual e coletivo; o crescimento pessoal e profissional, que dá oportunidades de aprendizado; e o altruísmo, que promove um senso genuíno de cuidado e comunidade.

Recentemente, realizamos um estudo de caso sobre o tema em uma das empresas que compõem o Grupo Marista. Após dois anos de investimento no desenvolvimento profissional e pessoal dos colaboradores, já é possível perceber uma mudança significativa na dinâmica das equipes, com mais engajamento, motivação e criatividade, e impacto direto no desempenho da empresa, com aumento notável nos resultados acadêmicos, inovação e satisfação do cliente.

O compromisso social da empresa também foi ampliado. Programas de responsabilidade social corporativa foram implementados, fortalecendo a conexão com a comunidade e gerando impacto positivo além dos limites organizacionais.

Em síntese, é perceptível que a liderança servidora não apenas impulsiona o desenvolvimento interno da empresa, mas também reverbera positivamente na sociedade em que está inserida, demonstrando que o foco no bem-estar das pessoas não é apenas ético, mas, também, estratégico.

Ao adotar os princípios da liderança servidora, as organizações têm a oportunidade de criar um ciclo virtuoso de desenvolvimento, no qual o crescimento individual e coletivo se entrelaçam para construir empresas mais resilientes, colaboradores mais realizados e comunidades mais fortes. A liderança servidora, portanto, não é apenas uma filosofia. É um caminho para o sucesso sustentável em um mundo em constante transformação.

Sobre o Autor:

*Ir. Vanderlei Siqueira é graduado em Pedagogia, Teologia e Jornalismo, com Mestrado e Doutorado em Educação, MBA em Gestão de Empresas, especialização em Gestão de Instituições de Educação Básica e Princípios Educativos e Carisma Marista, além da formação no Programa de Gestão Avançada (PGA) pela FGV/INSEAD e no Programa de Desenvolvimento de Conselheiros (PDC) pela Fundação Dom Cabral.

Há quase 20 anos dedica-se a diversas atividades no Grupo Marista e há dois anos é presidente do Grupo, que conta com mais de 7 mil colaboradores e é composto por FTD Educação, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Hospitais Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru.


 

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