Liderar é uma arte e não há mais espaço para uma cultura hardcore

Victor Mirshawka Jr
Consultor na Fábrica de Criatividade

Perfis distintos de liderança podem orientar o time ao fracasso ou ao sucesso, conforme o desempenho de seu papel e o mindset do líder. Grandes nomes, mestres e líderes dizem, entre outras definições e habilidades inerentes, que liderança é influência. De acordo com Bill Gates, “à medida que olhamos para o próximo século, os líderes serão aqueles que capacitam os outros.”

E quando nos deparamos com uma liderança hardcore em pleno século XXI? Não há mais espaço para uma cultura hardcore. As pessoas, hoje, têm total consciência de seus direitos e deveres, aprenderam a distinguir o que querem e, principalmente, o que não querem no ambiente de trabalho.

Valorizam a qualidade de vida e isso confere melhor performance, melhores resultados e outros benefícios. As empresas estão investindo em gestão de saúde emocional, conquistando maior engajamento, produtividade e retenção de talentos.

Analisando a questão da liderança e traçando um paralelo ao cenário das atitudes de Elon Musk, e as polêmicas, em função do recente caso Twitter, o que se pode depreender?

Há uma infinidade de publicações sobre Elon Musk, um empresário influente e atuante no universo digital, visto como um magnata excêntrico, visionário, inovador e polêmico, que comprou o Twitter por US$44 bi (cerca de R$200 bi). A decisão de Elon Musk de demitir metade da equipe do Twitter foi seguida por quase 1.200 demissões voluntárias.

De acordo com os grandes portais brasileiros, com base em um recente estudo publicado na revista científica Personality and Individual Difference, a psicologia assim explica o seu estilo de liderança:“líderes polarizadores como Musk podem ser agrupados em duas categorias: líderes transformacionais e líderes pseudotransformacionais.”

E a que se referem essas duas categorias? A primeira é a do Líder transformacional. Democrático, liberal, a equipe é seu foco, inspira as pessoas, estimula intelectualmente, constrói culturas positivas e de pertencimento, envolve a equipe nas tomadas de decisões, pensa no bem-estar coletivo, delega, não controla; acredita nas pessoas etc. Suas ações promovem a real transformação em linha com um mindset de crescimento; “assume riscos durante uma crise para conduzir a organização para fora dela; geralmente arrisca sua reputação pelo bem maior da organização.”

A segunda é o Líder pseudotransformacional. Este pode até de certo modo ser percebido como carismático, por ser dono de uma ótima retórica e imensa autoconfiança, mas na verdade, é motivado, principalmente, pelo interesse próprio, seus comandos baseiam-se em: comunicação manipuladora e comportamentos antiéticos e de controle. Demonstra grande insensibilidade, sendo “mais propenso a assumir riscos quando a saúde da organização é robusta. O risco é principalmente uma manobra para atrair a atenção de pessoas importantes dentro e fora da empresa.”

Em qual tipo Elon Musk se encaixa? Ainda de acordo com os portais Forbes e Terra: “o otimismo, a paixão pela inovação e a audácia de correr riscos de Musk alimentaram seu sucesso sem precedentes. As mesmas qualidades que o tornaram quem ele é podem muito bem levá-lo à ruína se ele permitir que o ego e o narcisismo orientem suas tomadas de decisão. Até o cenário se completar, é interessante ver como ajustar a perspectiva sobre alguém pode fazer a mesma pessoa parecer um herói e um vilão na mesma situação”. De acordo com o Portal Exame, seu estilo de liderança – “observado por suas atitudes ríspidas e comentários que se opõem às características mais valorizadas atualmente em um líder de sucesso: coerência, empatia e flexibilidade”.

Concluímos que Líderes, além dos conhecimentos técnicos, são democráticos, visionários, inovadores, afetivos, empáticos, justos, flexíveis, praticam escuta ativa, empoderam, são treinadores que aprendem e ensinam, têm autoconfiança, inteligência emocional, são disciplinados, praticam a autogestão e procuram refinar suas habilidades e adquirir novas para serem cada vez melhores naquilo que se dispõem a fazer.

Ao pesquisar sobre a liderança e trazer como paralelo o caso do Twitter e Elon Musk, antes, é preciso ser justo e dizer que, por um lado, há muitas realizações viabilizadas por ele ao praticar uma tecnologia futurista, embora não seja muito favorável à inteligência artificial. Se ele vai conseguir realizar ou não seus objetivos, só o futuro mostrará. Entretanto, são fatos que não podemos jamais ignorar.

E sobre o Twitter, há quem aplaudiu, há quem abominou, há quem ficou, quem entrou e quem abandonou a plataforma. Muitas polêmicas dividiram opiniões entre seus admiradores e os haters, dentro e fora da rede social.

O que se discute aqui, porém, é o cenário de uma liderança bastante controversa, de uma pessoa envolvida com a transformação digital e com a linguagem dos novos tempos, eleito personalidade do ano 2021, pela Revista Time, mas que, ao mesmo tempo, se comporta de maneira tão contraditória e autocrática.

As características mais valorizadas hoje, em relação aos líderes de sucesso e suas habilidades do futuro, consideram que a postura e as atitudes de um líder envolvem skills indispensáveis. Em vista disso, o Fórum Econômico Mundial (WEF) elencou 10 importantes habilidades que tendem a ficar em alta até 2025.

Essas habilidades somadas ao contexto atual e às tendências do futuro do trabalho são completamente contrárias às atitudes autocráticas que fazem parte de uma lista de ações/comportamentos de líderes fadados ao fracasso.

Victor Mirshawka Jr, consultor na Fábrica de Criatividade


 

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